sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Matemática: será mesmo a vilã da história?

Matemática: será mesmo a vilã da história?
Será mesmo que o aprendizado da matemática tende a ser menos prazeroso e mais árduo que as outras disciplinas.
É natural ouvirmos pessoas dizerem que sua maior dificuldade é aprender matemática.
Cálculos, resolução de problemas, raciocínio lógico etc, são verdadeiros enigmas e desafios.
Vivemos um problema cultural no qual crescemos escutando os professores, em sua maioria, passar informações sobre cálculos e operações que na maioria das vezes não ultrapassava os muros da escola, pelo menos não dá forma como nos era transmitido.
Contas serviam para resolver os problemas passados na lousa, com o primeiro sendo exemplo. E os problemas me pareciam que serviam para treinar nosso poder de adivinhação em qual contas usar.
A matemática sempre nos foi ensinada como algo paralelo ao mundo real.
Durante muito tempo se acreditou que o aluno é uma tábua rasa, que só recebe informações, as vai acumulando, e no momento certo (geralmente a hora da prova), este aluno deve “despejar” tudo aquilo que aprendeu para que o professor (usando sua potente caneta vermelha) lhe concederá uma nota, depois de avaliar seus erros.
Este ponto de vista vêem cada vez mais sendo discutido e questionado por muitos pensadores da matemática, pois é cada vez mais claro que os alunos estão chegando à escola com muitos questionamentos e não aceitam a informação dada pela professora como única e correta, eles trazem em sua mochila escolar, muito mais que lápis e cadernos, trazem indagações e hipóteses do mundo em que vivem e pelo qual diariamente são desafiados, seja no jogo do celular, na internet ou em um simples canal da televisão.
Dentro deste contexto, visualizar os professores como únicos donos dos saberes já nos remete no pensamento aulas chatas, fora de sentido real e pouco estimulantes, o que provavelmente formará alunos que não gostem de matemática.
A ideia da contextualização no ensino da matemática vem oferecer o mundo real dentro da sala, com situações que oportunizem aos alunos falarem sobre seus conhecimentos prévios e aprimorar suas ideias pela intervenção do professor.
Lerner e Sadorsky (1996) - apud Ana Ruth Starepravo -, em estudo sobre a compreensão do sistema de numeração decimal por crianças em idade pré-escolar, constataram que as crianças elaboram critérios próprios para produzirem representações numéricas e que a construção das notações convencionais não segue a ordem da sequência.
Isso ocorre porque fora da escola as crianças convivem com números e estes não se apresentam em partes.
O número de sua casa, por exemplo pode ser bem maior que dez, então porque na escola a criança tem que aprender os números na sequência numérica convencional?
Será que tendo o número de sua casa 221, a criança na escola tem que saber até o 100 para só então descobrir o 200?
Quando a criança é levada a levantar hipóteses e poder observar as hipóteses dos colegas, encontra maiores possibilidades de confrontar seus conhecimentos e construir novos conceitos o que a leva para o caráter ativo da aprendizagem.
Para Piaget, conhecer é agir sobre um objeto, é modificar, transformar o objeto e entender o processo desta transformação (apud. Ana Ruth Starepravo).
O lúdico, neste contexto, se apresenta na matemática das séries iniciais como um importantíssimo instrumento para a criança colocar em jogo seus conhecimentos, visto que, de maneira informal, o aluno se sente mais a vontade para se expor seus pensamentos.
             

Quem são os alunos do século XXI?
Retomando a um passado já um pouco distante, quando falávamos em sala de aula, nos vem na memória carteiras enfileiradas, alunos uniformizados atentos à explicação de uma professora com olhar frio a sua lousa ou um livro.
Nesta lousa há um texto longo de ponta a ponta para ser copiado nos mínimos detalhes.
Neste ambiente, o silêncio impera e os questionamentos não existem.
O erro era encarado como falta de atenção ou respeito sendo motivos para diversas punições tanto físicas como vexatórias.
O professor imperava como único proprietário do saber e do conhecimento.
Com a evolução da espécie humana durante os anos, muitos foram os pensadores que começaram a questionar sobre a educação oferecida, e então estudar sobre o assunto.
Hoje ao entrarmos em uma sala de aula, na maioria da vezes, observamos crianças falantes e inquietas, geralmente pouco interessada em seus deveres, muito questionadoras e dinâmicas em seus pensamentos e associações.
O professor nesta sala, encontra-se, muitas vezes, desmotivado e sem animo para transformar ou agir sobre este novo perfil de criança, em seu conceito muito indisciplinadas e desatentas.
O professor por estar acostumado em ser o possuidor do conhecimento não identifica o que os alunos de hoje trazem em sua “bagagem pessoal”, aprendidos em casa, em socialização com os amigos ou através das novas tecnologias disponíveis em toda a sua volta.
Suas aulas, então, restringem-se a conceitos ultrapassados e formas de ensino que não são atrativas e se distanciam da realidade apresentadas pelos alunos.
Daí as tais “indisciplinas” são geradas e o desconforto se faz entre as partes.
Estamos em uma era de conflitos entre pais, filhos e professores.
Pais acreditam que é na escola o lugar para se ensinar bom comportamento, quando educação deve vir de casa.
Também não é de agrado destes pais, cadernos sem conteúdos e lousas vazias, mesmo que a nova proposta seja eficaz, falta conteúdo e para muito deles a professora está fazendo “corpo mole”.
Por parte dos professores, estão em sua maioria descontente com salários, e valorização de seu trabalho, quando o que deveria imperar seria o amor por sua profissão.
Claro que todo o resto é importante, porém àquela criança que lhe foi confiada, não tem culpa do sistema e tem direito a aprender.
Os alunos, por sua vez, encontram na escola um lugar para encontrar os amigos, merendar e ouvir aulas que para ele nada lhe acrescente em sua vida cotidiana, está ali para estudar quando tem prova e acertar o máximo de questões que ele lembrar ou que a sorte permitir.
Falta interesse de todos os lados.
A criança de hoje é esperta, dinâmica, questionadora, desafiadora e vive em um mundo virtual, onde a tecnologia está por todos os lados.
O aluno inquieto quer saber e não gosta de repetições.
Está dentro da sala de aula sempre testando o professor, os colegas e a si próprio, avaliando até onde pode ir com os seus conhecimentos.
Qual adulto hoje já não se perguntou: “Na minha época isso não existia”. ou ainda “A criança daqui à alguns anos nascerá falando!”.
A criança da era moderna é ativa, informatizada pela televisão, internet, celulares e etc.
Tem dentro de si um cartão de memória, funções e aplicativos próprios, que ultrapassam nosso entendimento.
E se não corrermos atrás das atualidades que nos cercam, ficaremos fora do olhar de admiração de um aluno.
Antigamente um aluno leria e copiaria dez vezes a frase: “O bebê baba.”.
Hoje as questões seriam várias: “Por que ele baba? “, “ O bebê é seu filho? “, “ Qual o nome do bebê?”. “Ele não tem um babador?”
Precisamos perceber que junto com a passagem do tempo, muitas mudanças no ensino também aconteceram, as crianças foram estudadas por muitos pensadores sobre o assunto, na sua forma de pensar e como aconteciam os mecanismos de aprendizado.
Dentro deste contexto o trabalho com o lúdico se torna um aliado importante e indispensável no aprendizado dos alunos, principalmente nas séries iniciais, momento pelo qual o interesse e a vontade de aprender, se acentuam sem deixar de ser a criança para ser somente o aluno.
O que nós professores temos que nos conscientizar é que nossos alunos das séries iniciais antes de tudo são crianças com desejos próprios da idade.
O lúdico na sala de aula traz a tona o estímulo necessário para o aprendizado do aluno, como o prazer em aprender conceitos dentro do seu próprio mundo, o que posteriormente será transmitido ao seu mundo adulto.
Resumindo a criança do século XXI, não é a mesma de alguns anos atrás, questiono então porque o aprendizado desta criança teria que ser igual?

Lisiane Bender

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